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'Fofa'

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Nessa semana foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Data para exaltarmos a presença e a importância do sexo feminino, cada vez mais ocupando espaços e mostrando sua capacidade e eficácia. E o título da coluna que, num primeiro momento, soa meio estranho, visa homenagear uma mulher. E, através dela, reverenciar a todas as outras. "Fofa" nada mais é do que um apelido. Um apelido de uma excepcional mulher. Uma cantora que fez e faz história. Referência na música gaúcha. Precursora nos palcos dos festivais nativistas e que preparou o terreno para tantas outras que vieram depois. Quem convive no meio musical sabe com facilidade de quem estou falando.

Fofa é o apelido de Oristela Alves. E é também como ela trata todo mundo. Os homens são chamados por ela de fofos. E as mulheres de fofas. Dessa forma simples e simpática vai externando seu carinho e seu carisma. É fofo pra cá e fofa pra lá. Nessa seara, seu nome de batismo foi ficando um pouco em segundo plano. Mas nada que preocupe. O termo "Fofa" está impregnado na pessoa de Oristela Alves. Virou uma marca registrada. Um selo da forma querida e espontânea com que trata a todos.

Oristela Alves tem seu nome enraizado nos primórdios dos festivais de música nativista. Mais precisamente nos primeiros anos da Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana. Participando com frequência e sendo premiada em algumas edições, numa época em que a participação feminina era muito acanhada, rompeu barreiras e marcou seu nome no livro da história da música gaúcha. Em 1976, por exemplo, cantando em dupla com o saudoso César Passarinho, voz inesquecível e intérprete símbolo dos festivais, venceram a 6ª Califórnia, com a composição "Um Canto para o Dia". Califórnia da Canção Nativa que, por sinal, é considerada patrimônio cultural do Estado.

Uruguaianense de nascimento e santa-mariense por adoção, Oristela Alves foi uma das peças fundamentais na engrenagem que fez eclodir o movimento dos festivais nativistas e que propiciou o surgimento de inúmeros cantores, compositores e musicistas, que tiveram nestes palcos a oportunidade de mostrarem o seu talento. E através dos festivais foram surgindo uma infinidade de clássicos como "Guri", "Veterano", "Esquilador", "Canto Alegretense" e tantos outros. Na sua voz, Fofa eternizou canções como "Manhãs", "Comunicado", "Galopada", "Dom Zorrilho" e muitas outras. Nascida em berço de músicos, seu pai Kenelmo Amado Alves e seu irmão Francisco Alves são autores de músicas consagradas, tais como "Recuerdos da 28", "Sabe Moço" e "Penas".

A mulher, nos últimos tempos, felizmente vem sendo protagonista e fundamental em todas as áreas e núcleos em que esteja inserida. Na pessoa e no carisma de Oristela Alves, fica uma singela homenagem às mulheres. Poderia ter escrito sobre outras tantas, mas na figura da Fofa, pessoa simples, batalhadora e que irradia alegria, penso que estejam bem representadas todas as demais. Seu amor pela vida, pela família, pelos amigos e pela arte a torna uma pessoa especial. Motivo de inspiração, exemplo e perseverança. E nada melhor do que falar de Oristela Alves, a dama do nativismo, para discorrer um pouco de tudo o que as mulheres representam hoje e sempre.

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